31 março 2009

Recapitulando...

Depois de mais alguns quilómetros cumpridos, e de outras tantas ideias traduzidas, volto a dar-vos conta do que por aqui passámos.

A saída do Rio foi tão serena quanto a entrada - do Rio continuo a guardar apenas imagens positivas, embora contrariando as notícias dos noticiários sensacionalistas. Dos canais que aqui se dedicam a transmitir em directo os tiroteios, os acidentes, as perseguições, os sequestros e afins, o que mais curtimos foi a cena de um camião da Skol (= uma das boas cervejas brasileiras) que foi roubado por um qualquer maduro, em São Paulo, mas que teve o azar de se espetar num poste duma avenida bem movimentada da grande cidade. Tristemente, foi apanhado, cheio de sede.
(Só um aparte: não sei se em Portugal, um país que tem praticamente a mesma população que a cidade do Rio, a questão da (in)segurança não anda tão presente quanto aqui...)

Do Rio, a ponte levou-nos até Niterói. Lá, fomos directos ao MAC, mais uma obra incontornável da arquitectura brasileira. Criado por Niemeyer há pouco mais de uma década, é um edifício que continua a ser identificado por todos quantos passam por ele, diariamente, como o "disco voador". Aliás, nem vale a pena perguntar "onde fica o Museu de Arte Contemporânea?", porque ninguém sabe a que nos referimos.
Mas, na verdade, chamar-lhe cálice, flor, cogumelo ou navio (como o Henrique), ou referir-lhe a função, é o espaço deixado à interpretação. O facto é que o vetusto senhor desenhou um objecto cuja inclinação se encosta, do outro lado da Baía de Guanabara, à mesma do Pão de Açúcar; e o plantou num espelho de água que se prolonga nas águas salgadas, logo abaixo; e que o elevou dum pequeno promontório, como que germinado. "A oportunidade", enfim, "de fazer uma boa arquitectura", nas palavras do mestre.

"Como é fácil explicar este projeto! Lembro quando fui ver o local. O mar, as montanhas do Rio, uma paisagem magnífica que eu devia preservar. E subi com o edifício, adotando a forma circular que, a meu ver, o espaço requeria. O estudo estava pronto, e uma rampa levando os visitantes ao museu completou o meu projeto."


Foi também oportunidade de revermos outro velho amigo brasileiro: o Zé Caranguejo, mais uma das personagens incontornáveis do Verão de 1993, da Marina de Vilamoura. Foi assim que acabei por partilhar o dia dos meus anos com o Zé Paulo, filho mais novo do Zé, num churrasco organizado pelo pai. Foi divertido e em família, e o Zé fez questão de se despedir ao piano, nas suas interpretações inesquecíveis de Chico Buarque.

E por falar em anos: o Pedro decidiu improvisar-me um ramo de flores e, nessa noite, quando eu já dormia, saiu à rua, no meio da mata da pousada, para colher alguma coisa digna. Como tenho este mau feitio e me lembro de acordar a meio da noite, olho para o lado da cama, no chão e - que vejo eu? Uma coisa que, de imediato, se assemelhava a uma prancha de surf! Pensei: "Entrou algum surfista distraído no nosso quarto e está por aí a dormir!" Quando foquei bem o olhar é que vi que o Pedro não tinha sido nada modesto e tinha feito um arranjo com flores e com uma folha de bananeira de alguns 2 metros! A todos os outros que me tentaram ligar, apanhar no skype ou me mandaram mensagens, um beijo de obrigada!

A nova semana começou em Búzios, no meu novo escritório que vocês já conhecem. É um lugar óptimo, com excelentes alternativas de praia e de fait-divers (embora eu me tenha dedicado quase exclusivamente aos fait-divers porque, à praia, só fui um dia!).


Mas as praias são lindas, a comida é óptima, o ambiente é descontraído - quando se ignoram alguns (nem todos!) argentinos que, pura e simplesmente, invadiram o pedaço como os ingleses fizeram há uns anos no Algarve, com a arrogância balofa do neocolonizadorzinho.

Da pousada onde vivemos essa semana, quase como únicos hóspedes, deram-nos a chave da casa, porque a recepção fechava às 10. E os pequenos-almoços, que eu tanto adoro, estão a saber ir ao encontro dos meus desejos: esta vida de hotel é tão boa que ainda me habituo...

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