26 abril 2009

Morro de São Paulo

A chuva literalmente espantou-nos de Itacaré. Até ao último dia, o cinza do céu não aliviou e ainda nos proporcionou um pequeno raid mais radical, depois de passarmos o Rio das Contas, de balsa. Na outra margem, os 12 km de estrada de chão até à nova rodovia, aliados à chuva dos últimos dias, prepararam um piso digno de todo-o-terreno. Foi essa a única razão pela qual, lamentavelmente, não conseguimos ir conhecer Barra Grande, uma visita que estava prometida ao pessoal que já cá esteve e que também não conseguiu lá ir. Vai ter que ficar para a próxima.


A tal rodovia nova, pronta há algum tempo, aguarda verba renovada para que seja concluída uma pequena ponte que a ligue a Itacaré, assim evitando, a quem viaja para Norte, o desvio de mais de 100 km por Ilhéus ou as contingências do piso em que nós nos aventurámos. Assim sendo, apanhámos o troço inicial da estrada nova que praticamente ninguém usa, por não ser mais do que um beco sem saída. Deve ter ido pelo Rio das Contas abaixo a verba original que estava destinada à ponte...


O novo destino foi Morro de São Paulo. O tempo parece querer mudar e, obviamente, isso contribui muito para a primeira impressão que se traz das coisas. De qualquer das formas, a ilha tem boa onda, praias lindas, gente acolhedora. Uma grande e simpática comunidade de italianos já vai aqui deixando descendência e fundando pousadas e restaurantes. Também há alguns portugueses. Quanto a isso, os nativos são claros: "desde que traga renda e emprego, não interessa de onde vem". Por aqui, assim como ao longo dos quase 4 mil km de costa que já fizemos, na praia não se vê grande miséria. O turismo desenvolve o comércio, os serviços. Muitas pessoas também vivem de expedientes, como carregadores de malas, estacionadores, guias nativos, vendedores de tudo. Trabalhos obviamente precários, sustento sabe-se lá de quantos. Desconheço os números do desemprego no Brasil, mas à luz das tendências mundiais, é estranho ver, por vezes, um restaurante com mais empregados do que clientes.


O ponto alto em Morro foi a visita às piscinas naturais na Quarta Praia, onde centenas de peixes listrados nos rodeiam e não nos estranham, habituados como estão a que lhes dêem de comer. Quando perguntei acerca da identidade da espécie, o moço que aluga máscaras para mergulho e vende ração para atrair os bichos explicou-me com um grande sorriso de sabedoria: "Deus não disse o nome desse peixe, não. Aí, o homem botou "sargento"."

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