01 maio 2009

Bye-bye, Bahia


Custou deixar a Bahia. Cumprimos o mês que lhe tínhamos destinado, mas a sensação é de que foi curto. À medida que nos aproximamos da fronteira, parece que inventamos caminhos novos para demorar a saída. Inclusivamente, parece que procuramos algo que nos desiluda para não sair com tanta pena. Não foi bem o caso, mas a zona de Conde não foi suficientemente convincente para nos deter por lá. Bem sei que a época é baixa mas, assim mesmo, creio chegar à conclusão de que o que é bom já está relativamente bem explorado, no litoral brasileiro. Em lugares menos apelativos, a infra-estrutura que falta na época baixa não parece ser muito melhor na época alta. Só deve ser mais cara, deve ter mais gente e nem por isso deve oferecer mais.

A natureza é ilimitadamente profícua, o criador deixou em todo o lado um inegável legado. Mas nem sempre isso basta, especialmente naqueles casos em que a mão da criatura já lá chegou, sem preocupações que não sejam as trivialidades de um merecido tecto ou, em gerações mais novas ou com um pouco mais de renda, de uma bagageira preenchida com colunas (que é como quem diz, umas colunas com um carro à volta) para ouvir e obrigar a ouvir os axés, bregas e funks mais insuportáveis que alguém se lembrou de gravar. Não esquecendo, obviamente, os casos em que a criatura tem nome de cadeia hoteleira e cria os paraísos artificiais a que chama resorts, vedando praias e privatizando o mar.

E assim abandonámos o território baiano. Trazemos já muitas saudades, duas mãos cheias de gente boa, e a certeza de que a Bahia não é apenas um Estado, mas um estado de graça.


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